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Como é que se diz

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Divulgação

Depois do sucesso de Nó na orelha em 2011, Criolo chegou a dizer que não gravaria mais discos. Sorte dos fãs, o músico não teve problemas em voltar atrás na afirmação e lança agora Convoque seu Buda, que está disponível na internet desde o dia 4 de novembro. Conversamos com Criolo sobre o novo trabalho, ser mal-entendido pelas redes sociais e outros lances.

Fale um pouco sobre o disco novo, como foi o processo? Foi um disco muito bom de viver. Mais uma vez tive a felicidade de ter o Marcelo [Cabral] e o Daniel [Ganjaman] comigo. O que teve de interessante também foi ter os músicos da banda participando mais ativamente da construção do álbum. 

O sucesso de Nó na orelha mudou alguma coisa na hora de pensar esse novo disco? Não, fui fazendo as coisas do coração. Tem canções já escritas de três anos atrás, tem coisas que foram construídas no estúdio, de ver criações do Marcelo e do Daniel nascendo na minha frente e eu escrever coisas. Esse processo de deixar o coração ditar um pouco a parada.

Antes você tinha dito que não gravaria mais discos. É que é assim: também tô procurando me entender, e, a partir do momento que eu tô fazendo as coisas que são do meu coração, tá tudo bem. Não querendo galgar alguma coisa com isso que seja além da música. Havia tantas outras canções e é um jeito que eu tenho de me expressar. 

Parece hoje que as pessoas não se escutam, principalmente nas redes sociais. Acho que rede social é só um fragmento da vida da pessoa, não dá pra gente bater o martelo e dizer que não estamos nos ouvindo ou não estamos ouvindo o outro. Eu acredito ser mais complexo o processo de comunicação do ser humano. 

Naquela entrevista sua com o Lázaro Ramos, muita gente não entendeu o que você queria dizer. Ou eu não soube me comunicar, né. É que eu fui eu ali, mas não imaginei que você tinha que mudar pra falar com as pessoas. Acho que o grande barato é ser você mesmo, mas você vai aprendendo com a vida. Eu aprendi que tenho que aprender a me comunicar melhor.

Alguma música sua já foi mal interpretada pelo público? Difícil falar, cara. É tanta gente, não tem como você mensurar. Mas, assim, só de ter a possibilidade de deixar algo pro mundo, já é maravilhoso. Agora, o que o mundo vai fazer com isso e como você lida com isso é um outro lance. 

Uma música sua abre o documentário Junho, sobre as manifestações de 2013. Você acha que elas mudaram alguma coisa? Ah, continua a mesma né. Mas foi bonito ver. O que vamos fazer com isso é um processo de vida. Tudo leva tempo. Embora as questões sejam emergentes, deu pra perceber que ainda vai levar um bom tempo pra gente se ver como uma comunidade global maior. Aí vão te dando um falso poder e você acha que tem querer. A gente não tem querer nenhum, na verdade. A gente fica só querendo.


Caetano Veloso x Lobão

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Bob Wolfenson/Acervo Trip

Divisões e brigas entre a classe artística brasileira (como agora) não são novidade, com diretas e indiretas, farpas e xingamentos. Em julho de 2001, Trip tentou resolver uma dessas colocando as partes — Caetano Veloso e Lobão — para conversar e se ouvir, do melhor jeito possível: ao vivo. O século apenas começava e apesar das diferenças todas a tarde quente em uma suíte do Copacana Palace terminou em certa paz, com os dois se ouvindo. A conversa, entretanto, não durou. Caetano segue um alvo preferido entre as críticas mil de Lobão. Ainda assim, no disco Zii e Zie, de 2009, o baiano gravou uma canção com o título “Lobão tem razão”.

Vai lá: http://ow.ly/FyB5f

Quem é que ouve o Congresso?

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Wilson dias/Agência Brasil/Divulgação

Sessão a sessão, a cena se repete: o parlamentar na tribuna do plenário no Congresso Nacional discursa para as demais excelências, distraídas com smartphones, computadores ou em conversas com seus pares. Discursos que parecem direcionados a uma plateia que não está ali. Arranjar o que fazer enquanto o outro fala parece protocolo entre os 513 deputados e 81 senadores em Brasília. Mas, quando o dono do discurso parece abandonado, um alento: alguém, ao menos, estará ouvindo atentamente cada palavra de seu discurso. Com você, o taquígrafo. Taqui o quê? O taquígrafo atua nos bastidores de sessões e comissões desde o surgimento da Câmara e do Senado, no início do século 19, transcrevendo tudo na íntegra. Ao vivo e à mão. Para isso usa um sistema de símbolos (taquigramas) que agiliza a produção. Uma média de 120 palavras por minuto.

Ao todo, 114 na Câmara e cem no Senado se revezam nas tarefas de taquigrafia, revisão e supervisão. Em poucos minutos, os discursos estão on-line. O resultado é que tudo o que aconteceu no Congresso está transcrito. Se não entre os 815 mil discursos disponíveis na internet, em alguma das 3,5 milhões de páginas dos anais do Congresso, na biblioteca da casa. “É uma maneira de escrever a história do país”, como diz Daisy Berquó, taquígrafa há 17 anos na Câmara dos Deputados. Uma história construída entre discursos e distrações de suas excelências. Tudo está lá. Por isso, parlamentares mais caprichosos consultam os próprios discursos transcritos e alteram quando acham necessário. Mas o que foi dito ao vivo, já era. Rádio e TV sempre gravam. Na dúvida, melhor caprichar sempre. Afinal de contas, ninguém quer aparecer mal na Voz do Brasil, às 19 horas de Brasília.

Outros imaginários

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Acervo Pessoal Arthur Veríssimo

O repórter com os Zo

O repórter com os Zo'é, tribo isolada da Amazônia

Foi em 1986 que Arthur Veríssimo conseguiu seu primeiro emprego fixo, na equipe inaugural desta revista. Antes de entrar na redação da Trip, ele já havia seguido os ensinamentos do guru indiano Rajneesh (que misturava sexo com hinduísmo), morado em comunidades alternativas brasileiras e na Califórnia e sido um DJ pioneiro do underground paulistano.

Como jornalista, Veríssimo não abandonou o interesse por viagens e espiritualidade, o que fica bem claro nas 30 reportagens reunidas em Gonzo!, livro publicado agora pela editora Realejo. São assuntos exóticos, às vezes bem distantes, tão diferentes quanto a maior feira de compra e venda de camelos do mundo, um campo clandestino de armas no Camboja, uma tribo de índios isolada na Amazônia ou os vodus do Haiti.

“A missão sempre foi abrir a mente e o coração do leitor”, afirma Veríssimo. “Queria levar as pessoas para outros imaginários, mostrar como são outras civilizações e culturas milenares.” E Veríssimo mostra. Onde mais, afi nal, descobrir através de relatos pessoais e alucinados — como manda o bom jornalismo gonzo, que dá nome ao volume — sobre as tradições sexuais da Índia ou o xamã da Groelândia que induz ao transe sem drogas, só com tambores?

Difícil foi escolher apenas 30. “O foco do livro é o que fiz ao longo da história da Trip”, diz. “Selecionar as reportagens foi uma lapidação, um trabalho de ourives, sinto falta de uma, duas, três, dez.” Apenas uma delas, conta Veríssimo, já tinha seu lugar garantido havia anos, a pedido do editor e fundador da revista, Paulo Lima, para quando uma coletânea fosse feita: “Profissão: roubada”, de 1998, em que o repórter encarna um animador de festas infantis, um funcionário de desentupidora e outros empregos inusitados.

Bem conectado aos interesses que teve nessas três décadas de “jornalismo transcultural”, como diz o subtítulo do livro, Veríssimo afirma que Gonzo! é para “amantes de viagens e espiritualidade”. E para quem gosta de uma boa reportagem também.

Arthur Veríssimo também expõe fotos de jornada espiritual de 52 km pelo Tibet em exposição na DOC Galeria, em São Paulo, a partir do dia 11 de dezembro. Vai lá: http://ow.ly/FyuUu 

O melhor ainda está por vir

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Douglas Vieira

Show na Semana do Hip-Hop de Sorocaba, em novembro

Show na Semana do Hip-Hop de Sorocaba, em novembro

Samples de música brasileira, rap com samba, temas abrangentes, abordados de forma reflexiva e divertida. Poderia começar um texto assim para falar de vários rappers atuais, mas esse é sobre o Potencial 3, grupo que experimentou o sucesso e o insucesso e deixou muitas sementes plantadas antes de um intervalo de quase uma década. 

Agora, estão de volta, e se hoje o hip-hop está no ótimo momento em que está, muito se deve a eles. Nos anos 90, o gangsta era moda e as letras de rap ganhavam contornos violentos, com muito sangue. Ao P3 coube pilotar a busca por uma forma diferente de se expressar, colocando mais suingue e positividade no discurso. Faz 20 anos em 2015 que o rap nacional foi profundamente impactado com o lançamento de Você precisa esquecer o passado, ignorar o presente e torcer para que o futuro seja a mesma merda (1995).

“Se eu quisesse dizer pras pessoas como o hip-hop é criativo ou como um grupo de rap pode e deve soar, eu provavelmente diria: ‘Escute Potencial 3’”, sentenciou Emicida em um texto escrito para o site da Piauí. Na ocasião, acabava de chegar às ruas o EPP3, disco que marca o retorno do grupo. A declaração é ilustrativa de como, mesmo longe dos holofotes, eles foram responsáveis por marcar a percepção de toda uma geração, legado fundamental para o surgimento de gente graúda como o próprio Emicida e grupos como Z’África Brasil. 

O primeiro verso do novo disco soa um desabafo, ainda mais ao vivo, quando James Lino grita “P3 de volta negoooooo”. Coube ao DJ Roger a responsabilidade de trazer de volta o grupo. Em todo lugar que chegava, trabalhando com artistas importantes do hip-hop, ouvia que o P3 fazia falta. Mas foram anos difíceis. Jotacê Barbosa passou meses em coma, entre a vida e a morte. Richard Hébano Benício entrou em depressão e jogou fora os cadernos de letras — todos resgatados por sua mulher. Lino foi injustamente acusado de um crime e encarou uma longa batalha para ser inocentado. 

Quando uma banda volta, é normal resgatar a formação clássica. Eles fizeram diferente: somaram as duas, a primeira – Jotacê, Lews, Hébano e Núbio, além do DJ Wallace, que abandonou os palcos –, e a segunda, que gravou O melhor ainda está por vir (2001), em que Hébano e Núbio continuaram e receberam Lino e Roger. Agora, todos juntos, trabalham em um novo disco para 2015, que, desejam, será o melhor deles. Que assim seja.

Luz no fim do túnel

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Divulgação/Carol Quintanilha

Lucineide cuida dos painéis de energia solar em Juazeiro

Lucineide cuida dos painéis de energia solar em Juazeiro

Lucineide Silva faz a limpeza de painéis fotovoltaicos instalados nos tetos das casas de mil famílias que participam de um projeto piloto do programa Minha Casa Minha Vida em Juazeiro, Bahia. O excedente gerado nessa usina de energia solar é vendido e a renda é distribuída entre os moradores. Com o emprego, ela sustenta os oito filhos. “Eu já passei fome com eles. Agora trabalho com prazer”, conta. 

Divulgação/Carol Quintanilha

Crianças de aldeia indígena

Crianças de aldeia indígena

Lucineide é uma das personagens da minissérie Linhas, projeto do Greenpeace Brasil feito em parceria com a documentarista Eliza Capai e a fotógrafa Carol Quintanilha. São seis episódios disponíveis no site da ONG ambientalista, com dados, reflexões e relatos de moradores diretamente afetados por projetos como a usina de Belo Monte, no Pará, e a hidrelétrica Três Irmãos, no interior paulista. “A ideia é discutir a questão energética por meio de histórias de pessoas. Quisemos humanizar a discussão, em geral, muito técnica”, explica Bruno Weis, coordenador de comunicação do Greenpeace Brasil, que defende a multiplicação de projetos de energia limpa – solar, eólica e de biomassa –, como o de Juazeiro.

Lançado em dezembro, o último episódio da série foi gravado na Amazônia peruana. “Conversamos com a líder de uma comunidade indígena que conseguiu barrar o projeto de construção de uma hidrelétrica que forneceria energia para o Brasil”, conta Eliza. O plano da equipe é usar o material coletado nas viagens para um longa-metragem.

Vai lá linhas.minisserie.org.br

Divulgação/Carol Quintanilha

Obras da usina de Belo Monte

Obras da usina de Belo Monte

 

Mais uma vez, recomeçar

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Reprodução

CAUBY – COMEÇARIA TUDO OUTRA VEZ (2013) Exibido no Festival do Rio do ano passado, o filme de Nelson Hoineff (que também dirigiu Alô, Alô, Terezinha! e Caro Francis) conta a trajetória de mais de 60 anos do cantor Cauby Peixoto, cheia de altos e baixos, renovações, recomeços, plásticas e interpretações clássicas. O documentário esteve na programação de outros festivais nos últimos meses, mas não há previsão para o lançamento em DVD, que seria feito pelo Canal Brasil.

Reprodução

112 WEDDINGS (2014) O documentarista Doug Block (de The Heck with Hollywood! e 51 Birch Street) manteve nos últimos 20 anos um segundo emprego, para pagar as contas: filmar casamentos. Juntando agora as duas carreiras, Block foi em busca dos seus casais favoritos dos 112 casamentos que registrou no passado para criar este filme, que mistura imagens originais das cerimônias e festas com entrevistas feitas nos dias de hoje.

Reprodução

AFTER PORN ENDS (2012) O que fazer depois que a carreira na indústria pornográfica acaba? Dá pra ter uma vida normal? É isso que o documentário de Bryce Wagoner pretende mostrar, contando a carreira pós-pornô de 12 atrizes e atores, incluindo ex-estrelas como Asia Carrera (que agora é uma dona de casa e membra da Mensa, sociedade que reúne pessoas com QI alto) e Nina Hartley (que nunca realmente deixou de participar do mundo da pornografia).

Reprodução

REBIRTH: NEW ORLEANS (2013) Mostra como o sistema público de ensino de New Orleans foi reconstruído depois que o furacão Katrina arrasou a cidade em 2005. Antes, nem um terço dos alunos da oitava série passava em testes de leitura do estado. Muitas escolas reabriram como charter schools, que recebem investimento público, porém são operadas de forma independente. O diretor, John Merrow, é jornalista e correspondente de educação da rede de TV pública PBS.

Baú da Trip #239

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Sílvia Winik/Acervo Trip

Foram quase duas décadas sem entrar no mar depois que um caldo deixou Taiu – um dos principais nomes do surf brasileiro na época – tetraplégico, em 1991. Quase: na edição de setembro de 2010, Trip acompanhou a volta do surfista ao seu habitat. “Eu era um exilado, 19 anos em cana. E agora reconquistei o feeling”, disse ele. Já em 1994, quando foi o entrevistado das Páginas Negras, três anos após o acidente, Taiu falava sobre a expectativa de voltar ao surf. O retorno veio com ajuda do big rider Jorge Pacelli e do shaper Neco Carbone, amigos de infância que o acompanhavam na água e que
ajudaram a projetar a prancha adaptada.

Vai lá bit.ly/BauTaiu


Um filme verdadeiro

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Divulgação/Daryan Dornelles

A cantora no início da carreira

A cantora no início da carreira

A intérprete explosiva, a tímida, a roqueira escrachada, a lésbica, a mãe, a insegura, a vaidosa, a cantora, a mulher. O documentário Cássia, que estreia nos cinemas dia 22 de janeiro, busca mostrar todos esses lados de Cássia Eller, cantora que morreu em 2001 com apenas 39 anos. Para isso, o diretor Paulo Henrique Fontenelle – que dirigiu Loki: Arnaldo Baptista (2008) e Dossiê Jango (2013) – passou quase quatro anos pesquisando material de arquivo, com vídeos de apresentações desde o começo da carreira de Cássia em Brasília, filmagens caseiras, entrevistas e muitas fotos.

Nos depoimentos surgem histórias de parceiros (como Nando Reis, Zélia Duncan e Lan Lan), empresários, família e principalmente Maria Eugênia Martins, companheira da cantora durante anos. O filme não foge de temas polêmicos (um pedido da própria Eugênia ao diretor): estão lá o uso de drogas, as relações com outras mulheres e o sensacionalismo que cercou a morte de Cássia, na época noticiada como sendo por overdose (e mais tarde esclarecida por laudos médicos: foi infarto do miocárdio). O documentário ainda trata da briga judicial pela guarda do filho de Cássia, Francisco Eller, o Chicão – conquistada por Eugênia em uma decisão inédita para os direitos homossexuais. A seguir, um depoimento da própria Eugênia sobre o filme, que ela recomenda muitíssimo.

Arquivo Pessoal

Com Nando Reis em 1994

Com Nando Reis em 1994

UMA SAUDADE GOSTOSA

“O Paulo Fontenelle me procurou há uns quatro anos e eu não estava autorizando muita coisa sobre a Cássia. O Chicão era muito novo, 16 anos, e a gente já tinha tido umas experiências chatas com trabalhos que não foram legais. Fiquei gato escaldado, com medo de fazerem coisas apelativas, pra ganhar dinheiro. A gente queria uma homenagem à altura da Cássia. O Paulo é muito simpático, e eu tinha gostado do filme Loki. O que me convenceu foi esse olhar sensível dele, uma maneira doce de olhar para as coisas. Nas conversas iniciais eu disse: 'quero que façam um filme verdadeiro, não quero que transformem a Cássia em uma santa'. Queria contar a história dessa pessoa maravilhosa que ela foi, mas sem santificar. Queria que mostrassem a real. A questão com as drogas, a coisa inquieta dela com as relações amorosas, todas as mulheres... mas com um olhar carinhoso.

Arquivo Pessoal

Maria Eugênia e Chicão em 1993

Maria Eugênia e Chicão em 1993

Hoje falo da Cássia com muita tranquilidade, sinto uma saudade que é gostosa. Gosto de falar sobre ela, de lembrar, de ouvir as músicas, de ver ela falando. Pra mim é uma experiência prazerosa. Teve uma época em que foi difícil, mas esse período que passou já foi suficiente pra digerir tudo e ficar em paz. Acho que o filme foi maravilhoso pro Chicão. É como se a história dele fosse passada a limpo. Quando ela morreu, ele tinha oito anos. Ele tem muitas lembranças, mas também tem muita coisa que ouviu falar, que conheceu pela televisão, pela internet. Ele saiu da exibição com uma carinha muito boa. Eu adorei o filme. A Cássia está ali, muito bem representada. Não só a Cássia Eller, que todo mundo conhece, mas a Cássia. Por isso o nome também é bastante apropriado: o que está ali é a Cássia, a pessoa, o ser humano, a cantora, a mulher. Eu gosto muito”.

Mudar é preciso

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Patrícia em uma aula de negócios na China e um cartaz em Berlim com a frase “liberdade = reconhecimento + transformação”

Patrícia em uma aula de negócios na China e um cartaz em Berlim com a frase “liberdade = reconhecimento + transformação”

Curva do tédio. O conceito vem do mundo corporativo, e diz algo importante. “Basicamente funciona como se fosse um pêndulo: a gente está sempre oscilando entre a vontade e o tédio”, explica a pesquisadora carioca Patrícia Cotton. O momento do tédio é quando você já satisfez sua curiosidade, ela diz, e chega a uma escolha incômoda: sair ou não da zona de conforto. Patrícia sentiu a tal curva nela mesma, antes de estudá-la, durante dez anos de carreira em grandes empresas como Globosat e PDG. “A cada dois ou três anos eu tinha um senso de urgência de mudar”, ela conta.

“Isso era muito cansativo. Então entendi que fazia mais sentido repensar tudo de uma forma mais profunda.” Ela fez duas coisas: foi estudar esse ímpeto por mudanças em um MBA na Berlin School of Creative Leadership, e resolveu mudar de vida, com “novas formas de morar, trabalhar, viver”. “Percebi que eu tinha uma necessidade de entender transformações, nos negócios e pessoais, em um lugar mais libertador do que livros de management”, afirma Patrícia, que viajou entrevistando CEOs, foi para China, Japão, um retiro budista na Alemanha e participou de reuniões dos alcoólicos anônimos. (“O AA é um dos programas de mudança mais eficientes do mundo”, diz.)

A pesquisa resultou na tese Upside Down Thinking: How to Systemize Audacious Change [Pensando de ponta cabeça: como sistematizar mudanças audaciosas], mas Patrícia não pensa em dar receitas. “Uma das coisas que descobri nas viagens foi o olhar oriental”, ela conta. “O ocidental é bem pragmático.” Como exemplo: John Kotter, professor de Harvard e criador de um sistema de oito passos para a mudança. “O oriental é mais complexo e profundo, o livro mais antigo que achei sobre o tema foi o I Ching, que significa ‘o livro das mutações’.” Mas não ache que Patrícia é, afinal, contra o tédio. Na nova fase — ela agora mora entre o Rio de Janeiro e a Alemanha —, vê a utilidade no sentimento. “Pode ser produtivo para expandir a inteligência e a criatividade. É um momento de invenção interessante.”

Os hóspedes

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Leonardo Soares/Folhapress

Um quarto de hotel é o lar mais fixo que Damiana Gregório, 40 anos, teve nos últimos dez anos. Há dois anos, Damiana mora com o marido e dois fi lhos em uma suíte do Lord Palace, hotel inaugurado em 1958, no centro de São Paulo. O cômodo, feito para ser impessoal e transitório, recebeu reforma para incluir uma pia, cozinha improvisada e um armário que faz as vezes de divisória, separando a cama do casal do espaço dos fi lhos. 

O hotel, no número 78 da rua das Palmeiras, foi um dos mais célebres da cidade. Nos anos 60, o quatro estrelas era vizinho da TV Globo, o que lhe rendeu a fama de “hotel dos artistas”, por hospedar muitos atores e atrizes que vinham gravar na emissora. Fechou as portas em 2004, ainda inteiro, as paredes intactas, balcão de recepção, poltronas, lustres, camas feitas, frigobares. Foi nesse ambiente que Damiana se instalou em 2012.

Da arte de recomeçar, a ex-auxiliar de cozinha entende bem. Em 2008, a família morava em um quarto menor que a suíte do Lord em Alta Alegre, uma das mais de 1500 favelas de São Paulo. O aluguel custava R$ 400, um terço da renda da família. Um dia, Damiana viu um terreno ocupado com barracas de lona próximo à escola dos fi lhos e foi perguntar do que se tratava. Quem a recebeu foi Maria do Planalto, ex-diarista e dirigente da FLM (Frente Nacional de Luta por Moradia).

No dia seguinte, Damiana e o marido montaram sua barraca. Moraram ali por nove meses, até sair o pedido de reintegração do terreno. Foram atendidos pela Cohab (Companhia Metropolitana de Habitação de São Paulo), que ofereceu auxílio aluguel de R$ 300 por dois meses e cadastrou as famílias no programa de habitação popular. Quatro meses depois, a moradia não chegava e Damiana seguiu Maria em uma nova ocupação, em um prédio da avenida Ipiranga onde permaneceu por oito meses, até sofrer uma reintegração de posse com intervenção policial. 

De um lado para o outro, e sem conseguir o apartamento popular da Cohab, Damiana juntou-se novamente ao grupo de Maria. Com outras 270 famílias, ocupou o Lord Palace, há dois anos. “O hotel estava lacrado, com um guardinha na frente. Chegamos, a Maria explicou para ele o que era, que erámos muitos, que ninguém ia machucá-lo. Ele abriu a porta para a gente e foi embora”, conta. 

Esses dois anos no Lord são relatados como a época de ouro da família. Hoje, o marido trabalha como estoquista enquanto ela ganha R$ 800 para fazer trabalhos dentro da própria ocupação. Com a contribuição de R$ 150 feita por cada um dos 320 quartos do hotel, os organizadores da ocupação pagam nove moradores para cuidarem dos elevadores, portaria e limpeza das áreas comuns. 

O hotel, que hoje pertence à prefeitura, é alvo de uma disputa judicial que talvez resulte em mais um despejo (e recomeço) para Damiana. A FLM estima que isso possa acontecer por volta de março de 2015. Por enquanto, Damiana vive num hotel. Um prédio que, ele mesmo, se transformou e vem recomeçando.

Volta ao mundo em 365 dias

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Arquivo Pessoal

Há quem pense que tudo que nos cabe são aqueles 30 ou até 20 dias anuais de férias. Não precisa ser assim, porém. Criado em outubro, o Projeto Viravolta é um site sobre viagens longas pelo mundo — para largar a rotina e sair por aí por um ano, ou mais. “A abordagem do projeto não é pelo contexto turístico, e sim pela oportunidade que isso tem de transformar a vida de uma pessoa”, explica Carol Fernandes, fundadora do canal. A ideia surgiu depois que Carol e seu marido, o francês Alexis Radoux (na foto, os dois na Índia), passaram dois anos viajando. “A minha viagem foi por causa de uma crise”, conta. “Vivia fechada na bolha e a viagem serviu para abrir minha mente, mostrar que existem outras formas de viver.”

Para Carol, ao contrário das férias normais, quando se volta muito rápido para a rotina e não há energia para implementar ideias de mudanças que o descanso possa ter trazido, a viagem a longo prazo permite que você vá descobrindo novas coisas aos poucos, com tempo para ir internalizando tudo. “Assim você pode descobrir melhor o que quer, do que você gosta de verdade”, diz. “É uma alternativa para as pessoas que querem mudar de vida, ou não sabem ainda o que querem fazer.”

Além de contar sobre o “poder de abrir os olhos” dessas viagens, que é a ideia principal do site, o Projeto Viravolta também dá dicas práticas para quem não sabe nem por onde começar uma viagem dessas. Algumas das principais: explicar que não é preciso ser milionário para rodar o mundo por um ano, e que o mundo não é um lugar perigoso. “As pessoas também falam sobre o que vão fazer depois de voltar”, conta Carol. “Eu digo: ‘quem disse que você vai voltar?’”

Vai lá projetoviravolta.com

Arte datilografada

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Keira Rathbone

Quando Keira Rathbone comprou uma máquina de escrever, em 2003, e não encontrou palavras para pôr na página, resolveu usá-la para desenhar. “Me senti muito animada porque, de repente, a máquina se tornou adequada para alguém como eu, mais confiante com a expressão visual do que verbal”, conta. Letras, números, pontos e outros sinais de linguagem, nos dedos da inglesa, viram paisagens, retratos e objetos, como este gramofone ao lado. “Me anima torcer o significado pretendido do símbolo para expressar a minha visão, do meu próprio jeito.” Hoje proprietária de mais de 40 máquinas, Keira não curte desenhos feitos com caracteres em computadores: ela se mantém nas limitações do analógico e faz performances em que desenha ao vivo. Outras imagens da artista ilustram as colunas desta edição.

Vai lá keirarathbone.com

Pendura eterno

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Arquivo Pessoal

Mark Boyle quando viveu sem dinheiro, desfrutando de sua cozinha, lavanderia e quintal

Mark Boyle quando viveu sem dinheiro, desfrutando de sua cozinha, lavanderia e quintal

O dia foi cansativo e você quer beber uma cerveja, mas se dá conta de que está sem dinheiro. Não será problema no primeiro pub grátis da Grã-Bretanha. Construído numa antiga fazenda de criação de porcos na Irlanda, o An Teach Saor (“A casa livre”, em irlandês) oferecerá acomodação e cerveja caseira de graça. Os donos conseguiram 10.300 libras (R$ 40 mil) na internet para reformar a casa, que abre as portas no verão de 2015, e equipamentos. 

A fazenda estava falida e degradada quando foi comprada por um grupo de ecologistas e reaberta, em 2013. Hoje tem 700 árvores plantadas, pomar, colmeias naturais e criação de cogumelos, mantidos sob os princípios da “permacultura”, que cria ambientes e comunidades ecologicamente sustentáveis. Os alimentos são usados na casa ou oferecidos de graça aos visitantes e moradores da região. 

Depois de um ano de experiência, os donos lançaram no site de doações inglês Crowdfunder uma campanha para transformar a sede da fazenda em um pub. Além dos equipamentos para a produção de cerveja artesanal, a casa, antiga e feita de pedra, está sendo reformada e vai ganhar um bar, espaço para shows, leituras e palestras. Os visitantes poderão se hospedar, comer, beber e assistir aos eventos de graça. Em troca, são estimulados a retribuir com algum presente – jamais dinheiro. 

“Pode ser um tempo atrás do balcão do bar ou uma cover de mau gosto de ‘Hotel California’ no fim do dia. Você dá o que tiver para oferecer”, diz Mark Boyle, um dos donos. Conhecido na Inglaterra como “o homem sem dinheiro”, ele viveu sem nenhum tostão entre 2008 e 2010 e narra a experiência no livro O homem sem dinheiro – Vivendo um ano na economia livre. “Isso é um novo entendimento do que um negócio pode ser”, fala. 

O projeto quer provar que é possível levar adiante uma empresa sem o uso do dinheiro, como defendem os praticantes da economia livre, que rejeita o papel-moeda e propõe uma economia baseada em trocas e presentes.

Delayed Gratification: uma revista que só cobre os fatos depois de todo mundo

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Divulgação

Rob Orchad, editor da revista que pratica o

Rob Orchad, editor da revista que pratica o tal 'slow journalism'

Em um jornalismo dominado por um fluxo incessante de informações, em que ser o primeiro a dar uma notícia — mais do que a qualidade — é o principal objetivo, o britânico Rob Orchard (foto) resolveu dar um passo para trás. Há quatro anos, fundou a revista Delayed Gratification, que segue o princípio do slow journalism: publicada apenas quatro vezes por ano, oferece reportagens sobre as principais notícias dos últimos três meses. (O título da revista significa "gratificação adiada", o ato de deixar um prazer para depois.)

"Há uma parede de informação imensa que chega até nós 24 horas por dia e é demais para nos mantermos por cima", afirma Orchard, que hoje é diretor editorial na The Slow Journalism Company, empresa que publica a Delayed Gratification. "Há muita necessidade de fazer curadoria de notícias — cortar todos os ruídos, absurdos e trivialidades que gastam tempo, trazendo aos leitores as histórias que importam." Para isso, a revista expande a cobertura de fatos marcantes, recupera histórias que foram esquecidas pelo público e tem orgulho de ser a "última a dar as notícias".

O termo slow journalism, claro, é inspirado nas outras corren- tes do slow movement — o slow food e o slow travel são os mais famosos. A semelhança entre essas propostas, seja cozinhar ou viajar, e o jornalismo da Delayed Gratification, explica Orchard, é a ideia de ter tempo, seja para produzir ou para ler algo de qualidade. A quantidade absurda de notícias na internet, por outro lado, "pode comer o seu tempo, deixá-lo ansioso e tornar muito mais difícil para você sentar e se concentrar".

Orchard é otimista em relação ao futuro do slow journalism como um movimento. "Quanto mais as pessoas se desiludirem com notícias inspiradas pelo Twitter, que dizem o que está acontecendo em vez de o que as coisas significam, mais publicações e organizações vão aparecer em torno dessa ideia", diz. "Será sempre um nicho, mas pode fornecer um antídoto útil e nutritivo para a atual configuração da mídia."

Vai lá slow-journalism.com


Vinicius Manne, a primeira bunda de homem nua na televisão brasileira

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Reprodução

Vinicius Manne

Um desfile de beldades dava início à abertura da novela Brega & Chique, de Cassiano Gabus Mendes. Entre elas, famosas modelos dos anos 80, como Doris Giesse e Isis de Oliveira. Mas, ok, ninguém se lembra disso.

A imagem que ninguém esquece, porém, está nos segundos finais do vídeo, quando todas as mulheres abrem espaço para um homem nu. Ao som de "Pelado", do Ultraje a Rigor, a bunda de Vinicius Manne ficou conhecida no Brasil inteiro.

A censura até se incomodou, numa época em que o Brasil começava a se recuperar da ditadura militar, e obrigou a Globo a cobrir as partes íntimas do rapaz. A emissora colocou uma singela folha de parreira. Mas os telespectadores reclamaram, a censura cedeu e Vinicius voltou a aparecer como veio ao mundo todos os dias, enquanto durou o folhetim. Quase 30 anos depois, Manne se mantém ativo no ofício. Fez participações nas novelas Joia rara, Páginas da vida e Sete pecados; além dos seriados Malhação, As canalhas, entre outros. Seu último filme foi Histórias íntimas, adaptado da obra de Mary del Priore e dirigido por Julio Lellis e Bruno Pessurno. Vinicius conversou com a Trip sobre sua trajetória.

Você ficou intimidado quando soube que teria de aparecer nu? Isso sempre intimida, ainda mais naquela época. Eu tinha uma confecção de roupas de couro e estava com uma dívida. O cachê era bom, resolveu uma baita dor de cabeça. Era pra fazer com tapa-sexo, mas aquilo me incomodou muito. Estava me irritando mesmo, dando mau humor. Então pedi pra fazer nu.

Como isso transformou sua carreira? Eu segui fazendo trabalhos de moda e publicidade que já fazia, mas ganhando mais. E passei a participar de eventos, tipo baile de debutantes. Uma vez, estava com uma peça em cartaz em Juiz de Fora e depois da apresentação fui tomar uma cerveja num boteco. Fiquei sabendo que uma mulher, que havia sido proibida pelo marido de assistir à novela, foi flagrada por ele bem na hora em que eu aparecia. Segundo me contaram, foi morta com quatro tiros! Ainda hoje muita gente se lembra do trabalho, sempre me surpreende isso.

Houve aspectos negativos? Eu sabia que ia mexer com o imaginário das pessoas, mas estava na minha. Curiosamente, dentro do meio artístico é que houve preconceito. Eu vivi, e ainda vivo, barreiras pra chegar a papéis mais importantes. Um diretor conhecido uma vez me contou que aquilo "pesava sobre mim". Não consigo entender.

Se fosse convidado hoje para um trabalho como aquele, você toparia? Bom, é uma pergunta totalmente hipotética. Nunca um cara de 50 anos seria chamado pra uma abertura de novela, nu. Mas o nu não me incomoda em nada, desde que tenha coerência, não seja um apelo em si. Afinal, parafraseando o Roger, "pelado todo mundo fica, todo mundo é".

Top 6 filmes com bundalelê

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Divulgação

Coração Valente

Coração Valente

CORAÇÃO VALENTE, de Mel Gibson 

Liderados por William Wallace, o exército escocês levanta o kilt despertando a mais furiosa ira dos inimigos ingleses.

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O Último Tango em Paris

O Último Tango em Paris

O ÚLTIMO TANGO EM PARIS, de Bernardo Bertolucci
Além do célebre episódio da manteiga, Marlon Brando improvisa um bundalelê na cena em que seu personagem deixa um salão de dança. É o que se pode chamar de saída triunfal com bunda.

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12 Macacos

12 Macacos

OS DOZE MACACOS, de Terry Gilliam 

Jeffrey Goines, personagem de Brad Pitt, capricha na baleia branca para um segurança do sanatório onde está internado.

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Diário de um Adolescente

Diário de um Adolescente

DIÁRIO DE UM ADOLESCENTE, de Scott Kalvert
O personagem de Leonardo DiCaprio e sua turma exibem o traseiro para os inocentes passageiros de um barco.

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Grease

Grease

GREASE – NOS TEMPOS DA BRILHANTINA, de Randal Kleiser

Durante o baile na escola, enquanto John Travolta dança “Blue Moon”, três estudantes invadem a pista e mostram a bunda.

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Pork

Porky's

PORK'S, de Bob Clark

Ao fugir do delegado, os alunos rebeldes fazem um memorável bunda-lelê para o xerife Wallace  ao cruzar os limites da jurisdição. 

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Onde vive a rede: a internet tem um peso?

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'Farm (Pryor Creek, Oklahoma), 2015'/John Gerrard/Thomas Dane Gallery

Instalação

Tirando a existência eterna do jogo FarmVille, e histórias de pessoas que largaram tudo para morar no campo, "fazenda" não é uma palavra obviamente relacionada ao contexto da vida digital. Mas deveria: por mais abstrata que a "nuvem" possa ser, o armazenamento de dados continua sendo físico, em lugares batizados de data farms, ou fazendas de dados, complexos tecnológicos perdidos na vastidão central dos Estados Unidos. Ou seja, a internet pesa, e muito.

Para tentar descobrir com o que a internet se parece, o artista irlandês John Gerrard resolveu fotografar, no ano passado, uma dessas fazendas. No caso, um prédio do Google no interior de Oklahoma. A empresa, porém, não autorizou o retrato da parte externa do complexo — apenas imagens do interior, brilhante e moderno, são divulgadas. Gerrard alugou então um helicóptero para fazer uma inspeção fotográfica do local, ponto de partida para a instalação Farm (Pryor Creek, Oklahoma), 2015, exibida pela primeira vez em Londres entre fevereiro e março.

A obra de Gerrard é uma simulação, criada a partir de 2.500 fotos clicadas do helicóptero, uma escultura digital do prédio exibida como que por uma câmera de vídeo que mostra um prédio sem apelo arquitetônico particular, com geradores de energia e torres de resfriamento. Trata-se de uma imagem que fica bem longe da visão imaterial que se tem da internet, ou da narrativa corporativa moderna do Google. Não é completamente distinta de uma outra estrutura que Gerrard registrou no estado americano: a fazenda de porcos de Sow Farm (near Libbey, Oklahoma), 2009.

Outro que decidiu explorar esse aspecto material da internet foi Andrew Blum. O jornalista rodou o planeta para descobrir os bastidores da rede, dos cabos de fibra óptica que cruzam o oceano Atlântico às fazendas de dados. Em Tubos: o mundo físico da internet, de 2013, Blum narra o que encontrou nessa "jornada ao centro da internet", como diz o subtítulo original do livro, unindo histórias e reportagem de campo com explicações sobre o funcionamento da rede mundial de computadores.

É possível viver sem produzir lixo? A designer Cristal Muniz topou o desafio

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Felipe Carneiro

Cristal Muniz com seus equipamentos anti-lixo

Kit de sobrevivência? Não, de preservação. Cristal Muniz com suas armas anti-lixo

Cristal é designer, mora em Florianópolis e no final de 2014 decidiu que buscaria eliminar o lixo de seus dias. Desde então, vive a troca gradual de objetos que geram resíduos por produtos de origem orgânica, reutilizáveis e preferencialmente sem embalagens. Descartáveis? Nem pensar. O cotidiano vem sendo relatado no blog Um ano sem lixo.

A inspiração de Cristal veio da novaiorquina Lauren Singer, que parou de gerar lixo há dois anos e compartilha sua experiência no blog Trash is for tossers. Algo como: lixo é para principiantes (traduzindo de maneira menos pejorativa). Uma página para quem busca um estilo de vida que não contribua para a perpetuação de lixões sem tratamento de resíduos, realidade em cerca de 3 mil cidades brasileiras. 

De acordo com Gabriela Otero, coordenadora técnica da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), a geração total de resíduos sólidos urbanos no Brasil em 2013 foi de mais de 76 milhões de toneladas. Desse total, estima-se que pouco mais de 90% tenha sido efetivamente coletado. Ou seja, cerca de 20 mil toneladas tiveram destino desconhecido. Com as dicas que aprendeu com Lauren Singer, Cristal trouxe para dentro de casa alternativas naturais até para produtos de limpeza e cosméticos.

O bicarbonato de sódio é um aliado versátil. Combinado com óleo de coco é opção para escovar os dentes. Já misturado com vinagre pode até desentupir ralos. Soluções altamente biodegradáveis.

Apesar das mudanças, Cristal diz não encontrar dificuldades com os novos hábitos:

"Não faço nenhum sacrifício. A única coisa que parei realmente de fazer é pedir delivery, porque vem muito lixo e coisas não recicláveis no único lugar que eu pedia."

A busca por hábitos que não sobrecarreguem o meio ambiente na hora de dar cabo ao lixo é algo novo. É o caso do restaurante Silo, em Brighton, na Inglaterra: 95% do resíduo gerado por lá é reutilizado, reciclado ou transformado em algo a ser usado no próprio lugar. Da borra do café, que vai para o cultivo de cogumelos, aos pratos em que os clientes comem, feitos da resina de sacolas plásticas usadas.

Um restaurante para receber clientes como Cristal, que quando vai a um fast-food (sempre repletos de descartáveis) se serve com seus próprios apetrechos — dispensa copos, guardanapos e tudo o que vai para a lixeira, e embala para lavar em casa o que sujar. Assim, o cesto de lixo vai aos poucos se tornando um elemento estranho na paisagem.

Vai lá: umanosemlixo e trashisfortossers.

Pesadelo da história

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'Heavy Weight History'/Christian Jankowski/Lisson Gallery

Força tarefa para tirar do chão Ludwik Warynski, socialista polonês do século 19

Força tarefa para tirar do chão Ludwik Warynski, socialista polonês do século 19

Varsóvia foi completamente destruída durante a Segunda Guerra Mundial, depois de ser ocupada pelos nazistas. Precisou ser reconstruída, muitas partes quase do zero, não sem antes sofrer alguns anos sob o domínio da União Soviética de Josef Stalin. 

Com isso em mente, fica claro o comentário político da instalação Heavy Weight History, de Christian Jankowski: a obra reúne fotografias e um filme de 25 minutos que registram um grupo de halterofilistas poloneses tentando levantar monumentos públicos da cidade.

"Vestidos com as cores nacionais, os campeões de levantamento de peso da Polônia se esforçam para elevar gigantescos monumentos de bronze e tijolo, metaforicamente tentando levantar o próprio peso da história para os seus ombros", afirma o texto de apresentação da instalação, exposta na Lisson Galery, em Londres, no ano passado, e criada pelo artista alemão especialmente para uma retrospectiva de seus trabalho em uma galeria polonesa. 

'Heavy Weight History'/Christian Jankowski/Lisson Gallery

Syrenka, sereia símbolo da cidade. A estátua original foi levada para o Museu de Varsóvia em 2008

Syrenka, sereia símbolo da cidade. A estátua original foi levada para o Museu de Varsóvia em 2008

Os desafios aos polacos fortões incluem memoriais do comunismo, uma estátua do ex-presidente americano Ronald Reagan e várias imagens tradicionais da cidade.

Como em outras obras de Jankowski, a performance aproveitar para criticar a mídia e programas de realidade: ela foi documentada como se fosse um programa de televisão sobre um esporte competitivo, com direito a um comentarista polonês famoso narrando tudo.

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